quarta-feira, 18 de maio de 2011

Saindo do poço

manzara

 

Narra uma lenda chinesa que no fundo de um poço pequeno, mas muito fundo, vivia um sapo. 

O que ele sabia do mundo era o poço e o pedaço de céu que conseguia ver pela abertura, bem no alto. 

Certo dia, um outro sapo se abeirou da boca do poço. 

Por que não desce e vem brincar comigo? É divertido aqui. - Convidou o sapo lá embaixo. 

O que tem aí? - perguntou o de cima. 

Tudo: água, correntes subterrâneas, estrelas, a luz e até objetos voadores que vêm do céu. 

O sapo da terra suspirou. 

Amigo, você não sabe nada. Você não tem idéia do que é o mundo. 

O sapo do poço não gostou daquela observação. 

Quer dizer que existe um mundo maior do que o meu? Aqui vemos, sentimos e temos tudo o que existe no mundo. 

Aí é que você se engana, falou o outro. Você só está vendo o mundo a partir da abertura do poço. O mundo aqui fora é enorme. 

O sapo do poço ficou muito chateado e foi perguntar a seu pai se aquilo era verdade. 

Haveria um mundo maior lá em cima? 

O pai confirmou: Sim, havia um outro mundo, com muito mais estrelas do que se podia ver dali embaixo. 

Por que nunca me disse? - perguntou o sapinho, desapontado. 

Para quê? O seu destino é aqui embaixo, neste poço. Não há como sair. 

Eu posso! Eu consigo sair! - falou o sapinho. 

E pulou, saltou, se esforçou. O poço era muito fundo, a terra longe demais e ele foi se cansando. 

Não adianta, filho. - tornou o pai a dizer. Eu tentei a vida toda. Seus avós fizeram o mesmo. Esqueça o mundo lá em cima. Contente-se com o que tem ou vai viver sempre infeliz. 

Quero sair! Quero ver o mundo lá fora! - chorava o filhote. 

E passou o resto da vida tentando escapar do poço escuro e frio. O grande mundo lá em cima era o seu sonho. 

 

Coração vermelho Coração vermelho Coração vermelho 

 

Um pobre camponês de apenas 8 anos de idade não se cansava de ouvir esta lenda dos lábios de seu pai. 

Vivendo a época da revolução cultural na China de Mao Tsé Tung, o menino passava fome, frio e toda sorte de privações. 

Pai, estamos em um poço? - perguntava. 

Depende do ponto de vista. - respondia o pai. 

Mais de uma vez o garoto se sentia como o sapo no poço, sem saída. 

Mas ele enviava mensagens aos Espíritos. Pedia vida longa e felicidade para sua mãe. 

Pedia pela saúde de seu pai mas, mais que tudo, ele pedia para sair do poço escuro e profundo. 

Ele sonhava com coisas lindas que não possuía. Pedia comida para sua família. 

Pedia que o tirassem do poço para que ele pudesse ajudar seus pais e irmãos. 

Ele pedia, e sonhava, e deixava sua imaginação levá-lo para bem longe. 

Um dia, a possibilidade mais remota mudou de modo total o curso da sua vida. 

Ele foi escolhido entre centenas de camponeses e foi fazer parte de algumas das maiores companhias de balé do Mundo. 

Um dia, ele se tornaria amigo do Presidente e da Primeira-dama, de astros do cinema e das pessoas mais influentes dos Estados Unidos. 

Seria uma estrela: o último bailarino de Mao Tsé Tung. 

Li Cunxin saiu do poço. 

 

Coração vermelho Coração vermelho Coração vermelho 

 

Nunca deixe de sonhar! Nunca abandone seus ideais. Mantenha aquecido o seu coração e vivas as suas esperanças. 

O amanhã é sempre um dia a ser conquistado! 

Pense nisso! 

 

Redação do Momento Espírita com base no cap. 3 do livro Adeus, China - O último bailarino de Mao, de Li Cunxin, ed. Fundamento.

BDR Flower_thumb[1]

Um comentário:

Gisele disse...

A semente é um sonho. E tudo o que
precisamos fazer é planté-la e cuidar
e o objetivo virá.
Que texto bonito.