sábado, 8 de maio de 2010

Ex Animo




Disseram-me que antes de poder ver, era necessário encontrar a harmonia e discernir sobre as efêmeras situações do quotidiano
Profetizaram-me que antes de poder ouvir, era preciso distinguir os vorazes ruídos que assolam a vida hodierna da sublime brisa que tudo permeia
Contaram-me que antes de poder sentir, era essencial remover a poeira condicionante que se enraíza externamente
Falaram-me que antes de poder saborear, era indispensável purificar o paladar das máculas que as vãs palavras impregnam
Narraram-me que antes de poder inalar, era imperativo desembaraçar os alvéolos das manchas negras do impuro ar que vaga nas redondezas
No entanto, eles se esqueceram de ensinar-me que
Nas dores da desarmonia, era possível ver teu coração chorando
Nos ruídos do dia-a-dia, teus ouvidos doíam, mas seguiam naturalmente leves
Na poeira que muitos agonia, tua pele ficava imunda, mas seguia imaculada
Nos dissabores da porcaria, teu verbo seguia cândido e nobre
Nos maus odores da calmaria, teu ar soprava moléculas de euforia
Ah Senhor!!!Quando eles entenderão que a Onipresença não é dual
E que onde Tu não estás é porque a ignorância impediu Vossa Ubiquidade?

(Tadany – 29 01 09)

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