terça-feira, 16 de março de 2010

O Jardineiro e o Bambu



Entre todos do seu jardim, o que mais cativava o jardineiro era um imponente bambu, o qual se tornara, para o dono, a mais bela e estimada de todas as árvores e plantas do jardim.
O Bambu, que, dia a dia, se adornava de nova beleza, estava ciente de que seu senhor o amava e tinha nele a sua maior alegria.

Certo dia, o jardineiro achegou-se, muito pensativo, para perto de sua planta de estimação. O Bambu, que tinha um profundo respeito e veneração por seu dono, inclinou-se em humilde imponência até o chão… Aí estava ele como um submisso, mas sem jamais sonhar com o plano de seu senhor. Era o começo de um diálogo de grande significação.

O primeiro a tomar a palavra foi o jardineiro:

— Querido Bambu, eu preciso de ti…

O bambu cujas folhas balançavam suavemente ao sopro do vento, estava feliz, muito feliz por ter chegado o momento de fazer algo para o qual tinha sido criado!

Era, pois, um momento muito especial de sua vida. Respondeu então:

— Senhor, estou pronto: Faça uso de mim para o que quiser!

Com voz grave e fixando o olhar no vegetal que sobressaia entre todos naquele jardim, disse-lhe o jardineiro:

— Bambu… somente poderei usar-te se eu te cortar…

O bambu, estremecendo, exclamou:

— O Senhor quer cortar-me? Eu lhe peço, por favor, não faça isto! Deixe minha figura como está… Veja como me admiram!

O jardineiro, com a voz mais grave e imperiosa, retrucou:

— Meu terno bambu, não importa se és admirado ou não… devo podar-te, pois doutra maneira não poderei fazer uso de ti…

E o bambu disse:

— Senhor, por favor, não me corta!

— Só posso repetir, deverei tomar teu coração, caso contrário, não servirás para meu uso.

O bambu inclinou-se até o chão.

— Senhor, corta então o que quiseres de mim…

Então, o jardineiro desfolhou o bambu, decepou os seus galhos, partiu-o em duas partes e arrancou-lhe o coração. Levou-o para os campos ressequidos, a uma fonte onde brotavam águas cristalinas. Ali deitou, cuidadosamente, o seu querido bambu. Ligou a fonte, uma extremidade do tronco partido e a outra foi fixada no canal dos campos.

A fonte entoou uma bela canção e as águas borbulhantes precipitaram-se alegres, sobre o despedaçado bambu, até o canal, de onde puderam transbordar sobre os campos ressequidos, que tanto suspiravam pelas águas.

Fez-se, então, o plantio do arroz. Os dias foram passando… a terra continuava recebendo a água da fonte através do bambu. A sementinha cresceu, deu frutos e veio o tempo da colheita. O deserto havia se tornado um oásis.

Assim, o esbelto bambu de outrora, transformou-se numa grande benção em seu aniquilamento. Desempenhou função vital, tornando-se útil.

Enquanto era grande e belo, servia somente a si, alegrava-se com sua própria beleza, mas, na sua doação, tornou-se canal do qual o Senhor se serviu para tornar fecundo o seu Reino.



Foi da humildade que nasceu o amor!


Abraço a todos

S. Limberge

Gisele, muito obrigada pela linda estória e pelos comentários!!

Você sempre tão gentil... Valeu!!

Xêross

Raquel

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