terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Fevereiro de 2010 - Por Um Fio

POR UM FIO
Drauzio Varella
Companhia das Letras


Nasceu em São Paulo, em 1943. É médico cancerologista, formado em 1967 na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, e trabalhou por vinte anos no Hospital do Câncer. Foi voluntário na Casa de Detenção de São Paulo (Carandiru) por treze anos. Seu livro Estação Carandiru ganhou os prêmios Jabuti de Não-Ficção e Livro do Ano. Nas ruas do Brás recebeu o Prêmio Novos Horizontes, da Bienal de Bolonha e Revelação Infantil, da Bienal do Rio de Janeiro. É autor também de Macacos (Publifolha, 2000). Atualmente, dirige um projeto prospectivo de plantas medicinais amazônicas.

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"Custei a aceitar a constatação de que muitos de meus pacientes encontravam novos significados para a existência ao sentí-la esvair-se, a ponto de adquirirem mais sabedoria e viverem mais felizes que antes, mas essa descoberta transformou a minha vida pessoal: será que com esforço não consigo aprender a pensar e a agir como eles enquanto estou com saúde?"

O inesperado sentimento de serenidade que muitas pessoas experimentam diante da perspectiva da morte levou Drauzio Varella a refletir, ao longo de sua carreira de médico, sobre o comportamento humano em face daquela que o poeta Manuel Bandeira chamou de "a indesejada das gentes". O resultado está nas páginas deste livro, em que Drauzio narra com precisão e sensibilidade histórias de vida que podem servir de inspiração também para nós.


TRECHO DO LIVRO:

No início de janeiro, já em São Paulo, (meu irmão) Fernando acordou com dores na coxa. Dois dias depois fez uma cintilografia óssea, que mostrou metástase no fêmur e outro na bacia. Era o fim da esperança de curá-lo.

À noite fui vê-lo em casa. Encontrei-o na sala com Martha, as meninas e Maria Helena, nossa irmã mais velha. Subimos para o quarto. Examinei-o e olhei a cintilografia: não havia dúvida, o tumor era mesmo agressivo; recidivava apenas quatro meses depois da cirurgia. Perguntei como ele estava.

- Triste como nunca.

Nós nos abraçamos e choramos como crianças. Haveríamos de nos separar de novo, agora para sempre.

Foi terrível a frustração que tomou conta de mim ao perceber a inutilidade do esquema de tratamento concebido com tanto cuidado. Não que essa sensação me fosse desconhecida; infelizmente, o exercício da cancerologia pressupõe aprender a aceitar a derrota no final, a lidar com a dúvida mais dolorosa que pode afligir o médico diante do paciente que evolui mal a despeito de seguir à risca o tratamento prescrito: "Onde terei errado?", "Será que em algum momento deixei de fazer a escolha mais adequada?".

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Eu simplesmente adorei o livro!! E o que eu mais gostei é que ele chegou às minhas mãos assim... inesperadamente, quando estava pra decidir qual livro ler pra postagem desse mês! Valeu a pena!!! Recomendo demais!!!
O que posso dizer aqui é que o Dr. Drauzio (que eu admiro desde sempre!... rss) se superou. As histórias são lindamente contadas, e me deixaram uma sensação de ingratidão diante da vida e de Deus! Coisa que pretendo consertar desde já!! Sabe quando a gente tem só TUDO e reclama de bobagens?!! Sem contar que o tema "morte" assusta, mas se encarado com naturalidade (pois é certo que irá acontecer!..) nos faz ficar conscientes do quanto podemos fazer pra melhorar a nossa vida e daqueles caminham ao nosso lado!!
Amei!

Xêross carinhosos...
Raquel


Postagem coletiva do projeto 12 livros em 12 meses
do blog Diário de Leituras da Paula Gondim.
Essa é a minha participação do mês de fevereiro...
Espero que gostem!...

2 comentários:

Sonia H disse...

Ah, Raquel,
Esqueci de dizer que eu amei as borboletas voando!!

Sonia H disse...

Oi, Raquel!
Eu adoro este médico, sabia?
Também já li este livro e gostei muito da franqueza dele, mas o assunto é triste.
Eu até chorei quando ele fala da morte do irmão....
Abraços,