terça-feira, 19 de janeiro de 2010

O homem triste


Você passou por mim com simpatia, mas quando viu meus
olhos parados indagou, em silêncio, por que vagueio pelas ruas.
Talvez, porisso, apressou o passo e ainda que quisesse chamá-lo
a palavra desfaleceu na boca. É possível que você suponha que eu desisti
do trabalho, no entanto, ainda hoje bati de porta em porta em vão.
Muitos disseram que eu ultrapasei a idade para ganhar o pão. Como
a madureza do corpo fosse a condenação à inutilidade outros
desconhecendo que vendi a minha melhor roupa para aliviar a
esposa enferma me despidiram apressados crendo que fosse
eu um vagabundo sem profissão. Não sei se você notou quando
o guarda me arrancou da frente da vitrine a gritar palavras duras como
se eu fosse um malfeitor vulgar. Contudo, acredite, nem me passou
pela mente a idéia de furto apenas admirava os bolos expostos
recordando os filhinhos a me abraçar com fome quando retorno à casa.
Talvez tenha observado as pessoas que me endereçavam gracejos
imaginando que eu fosse um bêbado porque eu tremia apoiado ao poste.
Afastaram-se todos com manifesto desprezo, mas, não tive coragem
de explicar que não tomo qualquer alimentação há três dias.
A você, todavia, que me olhou sem medo, ouso rogar apoio e cooperação
agradeço a dádiva que me ofereça em nome do Cristo que dizemos
amar e peço para que me restitua a esperança a fim de que
eu possa honrar com alegria o dom de viver.
Para isso, basta que se aproxime de mim sem asco para que eu saiba
apesar de todo o meu infortúnio que, ainda, sou seu irmão.
Que Deus pai ajuda-nos a não sermos
indiferentes à dor ,à solidão,
à fome do nosso irmão,
que nossas mãos se estendam
ajudando o nosso semelhante
com um sorriso,
com um donativo,
ou simplesmente
com nossa compreenção,
escutando o seu coração,
que chora de tristeza e dor!

Recebi esse texto por email. Desconheço o autor.

Um comentário:

Adjanir do Nascimento disse...

Bela imagem, Raquel, já fui entrando no texto de cara. Parabéns!
Adjanir